RESENHA: Pedaços de um caderno manchado de vinho, de Charles Bukowski.



As citações de Charles Bukowski sempre me chamaram muita atenção. Num dos meus choques de curiosidade, comecei a pesquisar algum livro que, ao mesmo tempo que me mostrasse suas obras, pudesse me apresentar a história de vida do autor. Sabe aquele livro que você deseja estrear antes de investir em outros do mesmo autor? Então...
Resolvi começar a ler o livro "Pedaços de um caderno manchado de vinho", que é uma seleção de vários textos de Bukowski. A introdução do livro é feita por David Stephen Calonne, que pesquisou por oito anos a vida do autor e nos traz detalhes muito interessante sobre sua vida.

SINOPSE: "Uma das figuras mais controversas da literatura norte-americana do século XX, Charles Bukowski era um artista tão prolífico que muitos de seus escritos permaneceram dispersos ao longo de sua vida. Pedaços de um caderno manchado de vinho é uma vigorosa e abrangente seleção de alguns desses trabalhos, a maioria dos quais ficou restrita à publicação original em jornais independentes, periódicos literários e até revistas pornôs. Entre eles estão o primeiro e o último conto de Bukowski a serem publicados, assim como seu primeiro e seu último ensaio, e a primeira das famosas colunas “Notas de um velho safado”. Além de discorrer sobre seus temas preferidos – álcool, mulheres e a vida de um sujeito comum no submundo de Los Angeles –, ele propõe digressões únicas a respeito de figuras como Antonin Artaud, Ezra Pound e Hemingway, revelando uma mente surpreendentemente lúcida por trás de escritos aparentemente improvisados. Pedaços de um caderno manchado de vinho é leitura essencial para fãs de Bukowski ao mesmo tempo em que constitui uma introdução perfeita a novos leitores desse escritor inovador e nada convencional."

MINHA VISÃO SOBRE O LIVRO: Em quase todas as obras contidas nesse livro, eu tive a impressão de que Bukowski realmente estava embriagado ao escreve-las. Apesar de não ter grande apreço pelo álcool, eu achei isso sensacional! Acho que deve ter sido a intenção dos selecionadores separar apenas os textos mais "passíveis de embriaguez". Eu percebi também que Buk escrevia o que vinha à cabeça, e mesmo com todo esse aglomerado de ideias, o livro não se tornou tedioso. Pelo contrário, a vontade que dá é de mergulhar nessa maluquice e querer entender cada percalço do autor.
Senti também que os traumas que ele sofreu na infância "O meu pai, aquele monstro brutal que abastardou minha experiência sobre esta triste terra” “Meu pai era um homem brutal e covarde que me surrava continuamente com uma tira de couro de afiar navalha, por qualquer motivo que fosse. Minha mãe estava de acordo com o tratamento que me era dado. ‘Crianças devem ser vistas, mas não ouvidas’, era a máxima preferida do meu pai. Davam-me infindáveis tarefas na casa e no jardim, e se eu não as cumprisse com cem por cento de perfeição levava uma surra. As tarefas, aparentemente, nunca eram cumpridas com perfeição.” foram uns dos vários pontapés para a formação desse cara depressivo, alcoólatra e irrefugiável. E eu acho que a melhor coisa que Bukowski fez na vida foi começar a escrever. Sinto que escrever foi uma forma de diminuir as dores... Foi um remédio!

CURIOSIDADE: Nessa obra, além de conhecer os contos de Buk, conhecemos também seu lado resenhista. Como um grande crítico na música, na arte, por que também não na escrita, não é mesmo? E foi muito  bom saber que Bukowski também fazia resenhas de livros. O cara era realmente um gênio híbrido.

PONTOS POSITIVOS: A imprevisibilidade dos contos também me prendeu muito na leitura. Nos contos de Bukowski, tudo pode acontecer. Inclusive, já estou ansiosa pra ler seus romances, já que ele também é um romancista renomado.
Seus textos são muito autobiográficos, e isso é maravilhoso por que, ao ler um texto, você já sabe sobre o autor. Essa relação de proximidade com o leitor é sensacional. E a forma que ele tem de contar suas adversidades e contorná-las com um pouco de acidez e muito humor também é um diferencial muito significante.

PONTOS NEGATIVOS: Na maioria dos textos em que Bukowski resolve desabafar sobre a sua vida, ele se referia também às mulheres que passavam por ela. Mas a forma como Bukowski abordava algumas mulheres que apareciam em sua frente me incomodou... Tanto por se dirigir a algumas mulheres com termos pejorativos, descreve-las com xingamentos estúpidos ou vê-las como um objeto de prazer. Eu não sei se ele descreveu as situações dessa forma por estar bêbado ou se foi somente uma mistura de ficção com realidade, já que ele gosta muito de usar esse método em suas obras: “Ele inventa um novo gênero literário, entre a ficção e a autobiografia: uma mistura de referências locais, alusões literárias e culturais e elaboração imaginativa de experiências pessoais.” Apesar de ter sido poucas as vezes em que cenas assim apareceram no livro, eu achei válido ressaltar.
Outro trecho que me decepcionou, foi este: “É uma puta vergonha que ele seja homo. É uma puta vergonha que Genet seja homo. Não que se trate de vergonha ser homo mas sim que nós tenhamos que deixar que os homos nos ensinem como escrever de verdade." Embora eu saiba que Bukowski vivia em um recorte temporal totalmente diferente, outro século e uma educação um pouco duvidosa, foi meio desconfortável ler o desprezo dele pelos homossexuais.

Para quem quiser saber os meus trechos favoritos do livro, é só clicar aqui e ver o post que eu fiz apenas sobre os melhores trechos (na minha concepção). Ah, me siga também no Skoob pra ver a nota que eu dei a esse e a outros livros, além de saber o que eu estou lendo no momento.

Aos muitos que têm a curiosidade de saber um pouco sobre a vida de Charles Bukowski e conhecer suas obras, aí fica a minha sugestão. Eu adorei, e com certeza quero reler muitas vezes!

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